A peça teatral dialoga com a estética do movimento manguebeat
para fazer uma denúncia social contra as transformações urbanas e o impacto
sobre seus habitantes, com execução ao vivo de música eletrônica e tambores de
maracatu.
Desde que estreou em 2015, o espetáculo agradou público e
crítica, recebendo os principais prêmios, como Shell e APTR (Associação de
Produtores de Teatro do Rio), nas categorias Autor, Direção e Atriz, e
Cesgranrio (Direção e Texto). Caranguejo Overdrive conta com a direção de Marco
André Nunes e texto de Pedro Kosovski. Foi escolhido pelo programa de
Patrocínio da Petrobrás, através de seleção pública que contemplou projetos de
circulação de espetáculos teatrais não inéditos, em parceria com o Ministério da
Cultura.
Ao todo, foram escolhidos 57 trabalhos, representantes das
cinco regiões do País, com apresentações em todos os estados. O investimento
neste último edital, foi de R$ 15 milhões.
A título de curiosidade, por coincidência ou não, a peça
teatral virá para São Luís, capital do estado de maior área de manguezais do
país, responsável por 36% dresponsável por 36% do ecossistema no Brasil,
seguido do Pará (28%) e Amapá (16%), de acordo com o Atlas dos Manguezais do
Brasil, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Segundo as análises, a área do ecossistema situada no norte brasileiro
constitui a maior porção contínua sob proteção legal em todo o mundo. É um elo
imprescindível na corrente alimentar marinha. Os bosques de mangues, regados
pelas marés, além de proteger os continentes da erosão e reduzir a poluição das
praias, garantem comida farta para a fauna dos oceanos.
Oficina - Na proposta da Aquela Cia. pretende-se por
meio de promover diálogos com os artistas maranhenses através de oficina e
integração com grupo local. Pois, trata-se de uma criação colaborativa, onde a
dramaturgia, norteada por referências e conceitos, se produz a partir dos
atravessamentos com a concepção cênica do diretor e o trabalho de composição
dos atores. Nessa troca, questões recorrentes relacionadas à metodologia de
criação e experimentações com exercícios de escrita e de composição cênica,
desenvolvidos pela Companhia ao longo de 14 anos de trabalho farão parte da
didática da oficina, conduzida pelo dramaturgo Pedro Kosovski, que também irá
abordar estratégias de criação que relacionam a criação teatral às políticas da
memória. Peça - Homem-caranguejo Ambientada no século 19, a peça apresenta-se
atual.
A trama de Caranguejo Overdrive narra a saga de Cosme, um
ex-catador de caranguejos no mangue carioca, que é convocado a lutar ao lado do
Exército Brasileiro, na Guerra do Paraguai. Depois de sofrer um colapso mental
no meio do campo de batalha, ele é dispensado e, ao voltar para a sua terra
natal, encontra um Rio de Janeiro caótico e em transformação.
A cidade, com suas convulsões urbanísticas, está
irreconhecível para esse homem. Cosme procura novamente o mangue, região que,
em 1870, era conhecida como Rocio Pequeno – e hoje, Praça 11. Ele consegue um
emprego na construção do canal que representou a primeira grande obra de
saneamento na capital carioca. Cosme já não sabe mais se é homem, caranguejo, soldado
ou operário. Sua crise o obriga a abandonar tudo, a vagar pela noite, a
mergulhar no delírio e a assumir, finalmente, a forma do crustáceo. O
homem-caranguejo vive na lama.
Apesar do drama vivido pelo protagonista, Caranguejo
Overdrive pode divertir o público maior de 16 anos, com bom humor e com a
vibração da trilha sonora, que dialoga com a performance dos atores e atrizes:
Alex Nader, Carol Virguez, Eduardo Speroni, Matheus Macena e Fellipe Marques. A
banda conduzida por Felipe Storino toca canções originalmente compostas para a
peça, além de clássicos do movimento Manguebeat, que imortalizaram Chico
Science e a Nação Zumbi. O power trio (guitarra, baixo e bateria) é constituído
por Maurício Chiari, Pedro Leal e Felipe Storino. Referência Outra referência
importante da encenação é o livro Homens e Caranguejos, do escritor e geógrafo
recifense, Josué de Castro, precursor dos estudos sobre a fome no Brasil.
A dura poética dessa obra pode ser referenciada no seguinte
trecho de seu prefácio A Descoberta da Fome (Lisboa, 1966): “A lama dos mangues
de Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de
carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejo. São seres anfíbios -
habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos. Alimentados na
infância com caldo de caranguejo - este leite de lama -, se faziam irmãos de
leite dos caranguejos. [...] A impressão que eu tinha era a de que os
habitantes dos mangues - homens e caranguejos nascidos à beira do rio - à
medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama”. Histórico
Aquela Cia. foi fundada em 2005, a partir da reunião de artistas provenientes
de várias escolas de teatro do Rio de Janeiro. Inicialmente, ancorada nas
relações entre teatro e literatura, sua primeira montagem foi o Projeto K.,
sobre a vida e a obra de Franz Kafka. Vieram em seguida Sub: Werther
(interpretação do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe, a partir
dos intertextos do livro Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes),
Lobo nº1 [A Estepe] (baseado no romance de Herman Hesse), Do Artista Quando
Jovem (em torno do universo literário de James Joyce).
Em 2011, a linha de trabalho do grupo passou a investigar a
relação entre teatro, música e Espetacularidade, com Outside, um musical noir
(inspirado pelo encarte do álbum homônimo de David Bowie), Cara de Cavalo (que
narra a trajetória trágica do inimigo público nº 1 do Rio de Janeiro em 1964, e
suas interlocuções com a obra do artista Hélio Oiticica) e Edypop (explorando o
encontro imaginário entre o mais pop dos herói gregos, Édipo, e o mais trágico
dos artistas pop, John Lennon). Em 2015, Aquela Cia. celebrou seus 10 anos com
as montagens de Caranguejo Overdrive e Laio & Crísipo, esta última uma
atualização de um dos mitos fundamentais da cultura ocidental, narrado por
Sófocles em Édipo Rei, que relata a relação homoafetiva entre Laio, um exilado,
e Crísipo, o filho do rei.
Sinopse: Caranguejo Overdrive Inspirada no Manguebeat de
Chico Science, Caranguejo Overdrive narra a saga de Cosme, um ex-catador de
caranguejos no mangue carioca na segunda metade do Século 19. Ele foi convocado
a servir no exército brasileiro durante a Guerra do Paraguai e acabou
enlouquecido no campo de batalha. Quando Cosme volta ao Rio de Janeiro, encontra
uma cidade caótica em transformação. Ele não sabe se é um homem, um caranguejo,
um soldado ou um operário.
Ficha Técnica
Patrocínio: Petrobras
Realização: Ministério da Cidadania e Governo Federal
Direção: Marco André Nunes Texto: Pedro Kosovski
Elenco: Carolina Virguez, Alex Nader, Eduardo Speroni, Matheus
Macena, Fellipe Marques Músicos em cena: Maurício Chiari, Pedro Leal e Felipe
Storino
Direção Musical: Felipe Storino
Iluminação: Renato Machado
Operação de luz: Tamara Torres
Produção: Thaís Venitt | Núcleo Corpo Rastreado
Produção São Luís: Erivelto Viana
Assessoria de imprensa: Vanessa Serra
SERVIÇO TEATRO
Caranguejo Overdrive – Aquela Cia. de Teatro (RJ)
Dias 05 e 06 de junho de 2019 Quarta-feira e Quinta-feira, 20h
Local: Teatro Arthur Azevedo – Rua do Sol – Centro Histórico
Classificação indicativa: 16 anos
Ingressos populares: R$ 10 inteira e R$ 5,00 meia - acesso para
pessoas com deficiências. Patrocínio: Petrobras
Realização: Ministério da Cidadania e Governo Federal
Oficina: 04 e 05 de Junho, de 9h às 16h, no Ballet Olinda Saul,
Rua do Sol, 140 - CENTRO. Encontro com grupo local: 06 de Junho, 16h às 18h.
Mais informações: 98 99177 2593 (assessoria de imprensa)
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