O vereador de São Luís, Fábio Câmara (PMDB), em entrevista
concedida ao colunista e blogueiro Udes Filho, falou, entre outros assuntos,
sobre o cenário político atual em relação à eleição que disputará o comando da
Prefeitura de São Luís. Câmara não poupou criticas a gestão Edivaldo Holanda
Jr. O pré-candidato a prefeito da capital explicou sua situação no PMDB e
comentou o encontro que teve com o vice-presidente da república, Michel Temer
(PMDB), em Brasília. A entrevista foi capa da edição de hoje de O 4º PODER.
Udes Filho – Volta e meia, algum comentário surge,
na internet, dando conta de supostas articulações envolvendo o PMDB, que
custariam o fim de sua pré-candidatura ao cargo de prefeito de São Luís. Como o
senhor enxerga essas informações?
Fábio Câmara – Eu acredito naquele pensamento que afirma
que “não se atira pedras em árvores sem frutos.” Fábio Câmara e o mandato de
vereador que exercemos em nome do povo de São Luís frutificaram muito e eu
entendo cada boato maldoso e cada tentativa de diminuir o nosso projeto à
Prefeitura de São Luís, como uma manifestação mista de inveja, incômodo e medo
quanto até aonde nós poderemos chegar.
UF – O PMDB, hoje, já está unido em torno de sua
pré-candidatura a prefeito da capital? Ainda há algum descontentamento dentro
do partido?
FC – Foi Nelson Rodrigues quem disse que “toda unanimidade
é burra.” O meu partido, o PMDB, busca sempre fazer política com inteligência e
sabedoria. A discussão e as discordâncias pontuais existem e sempre existirão.
Nós cremos que é exatamente do debate franco das ideias discordantes é que
avançamos na construção democrática. Porém, apesar das discordâncias, o fato é
que, democraticamente e pela força da decisão da maioria, da nossa militância
política e da significação dos números estatísticos que nos acompanham, o nosso
nome está consolidado dentro do PMDB e fora dele.
UF – Como é o seu relacionamento com os deputados
Andreia Murad e Roberto Costa?
FC – O relacionamento de nós três pode ser resumido em
uma frase: UNIDADE NA DIVERSIDADE. O partido é o que nos une. E quando nos
dividimos é com o puro intuito de multiplicarmos a conquista de espaços de
poder. Nós valorizamos e defendemos as nossas propostas pessoais discordantes
sem desvalorizar, nem atacar o necessário respeito ao convívio coletivo
salutar.
UF – O senhor é um dos maiores críticos da administração
do prefeito Edivaldo Holanda Jr. Aponte dois erros e dois acertos na gestão
dele?
FC – Pela fartura de erros existentes, apontar apenas
dois é tarefa mais do que fácil para qualquer ludovicense politicamente
comprometido com a nossa cidade. Quanto a identificar apenas dois acertos,
confesso que, tanto eu quanto a esmagadora maioria da cidade acharemos
dificuldades. O primeiro grande erro do prefeito Edivaldo foi mentir para si
mesmo afirmando que estava preparado para administrar uma metrópole como São
Luís, seus problemas e desafios e o conjunto de mega demandas próprias de uma
cidade com mais de 1 milhão de habitantes. O prefeito provou, na prática, que
não está preparado, não tem uma assessoria que o esteja e, o que é ainda pior,
não tem a humildade necessária para reconhecer a essa verdade. Prova disso é
ele desejar uma reeleição que 70% do povo rejeita. O segundo grave erro do
prefeito Edivaldo é a subserviência que domina a sua gestão e que se
materializa na sua dependência, morosidade, falta de liderança e iniciativa,
descumprimento de promessas e ausência total de um arrojado plano de governo
que se projete por, pelo menos, 20 anos à nossa frente. Acerto 1- Conseguiu
algo de um grande prefeito – se filiou no PDT do Dr. Jackson Kepler Lago. Mas,
será que só isso basta? Acerto 2- Foi fiel ao seu criador – Flávio Dino – e o
ajudou a se tornar governador. Mas, será que o governador e tutor retribuirá no
mesmo grau a lealdade manifesta ou, será, que já estariam ambos quites?
UF – Fazendo oposição à gestão Holanda Jr, temos
pré-candidatos anunciados, além do senhor, como o deputado estadual Wellington
do Curso e a deputada federal Eliziane Gama, entres outros nomes. No
entendimento de alguns analistas políticos, essas diversas pré-candidaturas de
oposição beneficiariam a reeleição do prefeito de São Luís. O senhor concorda?
FC – De início eu preciso deixar bem destacado que eu
sou o único pré-candidato que nunca estive vinculado direta ou indiretamente ao
prefeito Edivaldo. Faço, fiz e farei oposição à sua gestão desde sempre. Rose
Sales ajudou a elegê-lo; Wellington é da base de apoio a Flávio Dino e Eliziane
Gama, por ainda sonhar com um apoio do governo Dino, muito pouco se pronuncia,
ficando apenas agarrada a uma liderança nas pesquisas, cujos números são, a
cada dia, mais minguantes. Dito isso, me resta discordar da visão destes
analistas. Quanto mais oposicionistas ao Sr. Prefeito, mais negativas deste
serão evidenciadas. Imagine você um João Castelo num debate com Holandinha e o
questionando sobre o Bom Leite que ele deixou e o Edivaldo acabou? E sobre o
fardamento, a domingueira e o Bom Peixe?
Enfim, quanto mais opositores, menores
são as chances do Holandinha sequer chegar ao 2º turno.
UF – Existe alguma hipótese do senhor, pelo PMDB, entrar
como vice na chapa de Holanda Jr?
FC – Nem curto – pra evitar associação positiva com o
Facebook e o verbo curtir – e nem grosso – para preservar o fino trato.
Objetiva e definitivamente a possibilidade é zero!
UF – O senhor esteve reunido em Brasília, com o
vice-presidente da república, Michel Temer. Comenta-se, em São Luís, que o
senhor retornou à Capital muito confiante após o papo vice-presidencial. Quais
assuntos foram tratados naquela oportunidade?
FC – Os ares de Brasília revigoram os ânimos de qualquer
bom político estrategicamente bem articulado. A companhia e a sábia orientação
do senador João Alberto abrem portas e, como uma aferida bússola, indicam
caminhos. Não se faz política sem grupo e é tolice dos mais jovens pensarem que
se pode prescindir da sabedoria dos mais experientes. São Luís não pode e nem
merece perder mais quatro anos com uma administração pífia. O amanhã se planeja
desde hoje e o meu compromisso com a nossa cidade e com a nossa gente e
trabalharmos forte e planejadamente para fazermos da capital do Estado do
Maranhão uma referência para o nosso povo e para os que nos visitarem.
Tratamos, portanto, do futuro de uma São Luís que seja tratada como um belo e
caro presente restabelecida dos erros cometidos no passado.
UF – Sobre as próximas eleições, que mensagem o senhor
gostaria de deixar ao povo de São Luís?
FC – Eu não sou e nem quero ser o tal salvador da pátria. Eu não
acredito em projetos ou propostas messiânicas. E eu não vou repetir o velho e
desacreditado jargão da política surrada, “se eu eleito for…” A São Luís que
nós queremos todos sabemos como deve ser e cabe a todos e a cada um propormos o
que, como, quando, onde e quanto. Eu não tenho uma receita pronta e não posso e
não vou prometer reinventar a roda. O que eu posso assegurar é que eu não vou
destinar mais dinheiro no orçamento municipal para propaganda do que para a
segurança, meio ambiente com sustentabilidade, emprego e renda e combate
ao disperdicio e à corrupção.
Quem é o político que você conhece que tem a coragem e o
desprendimento de sacrificar um mandato de vereador em nome de um projeto de
gestão municipal? É verdade que você não me pediu nada disso! Porém, eu quero
te fazer um pedido, faça você também um sacrifício por São Luís e acreditemos
juntos, não no novo ou no velho; não no discurso da tal mudança ou da
transformação. Acreditemos e trabalhemos todos por uma outra São Luís diferente
e possível.
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