terça-feira, 5 de julho de 2016

Prefeito de Paulo Ramos é preso em operação contra corrupção

Prefeito de Paulo Ramos foi preso por susposto desvio de verbas públicas
 (Foto: Divulgação/Seic/Arquivo)
Uma operação da Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor) do Maranhão prendeu sete pessoas na manhã desta terça-feira (5), entre elas o atual prefeito de Paulo Ramos (MA), Tanclêdo Lima Araújo, por suspeitas de desvio de verbas públicas. O município com pouco mais de 20 mil habitantes fica localizado a 347 km de distância de São Luís, no oeste maranhense.

Os mandados de prisão preventiva expedidos pelo desembargador Raimundo Melo foram cumpridos na capital maranhense e no interior do Estado.

Foram presos na operação:

– Tanclêdo Lima Araújo, prefeito de Paulo Ramos, por suspeitas de desvio de verbas públicas;

– Joaquim Lima Araújo, secretário de Administração do município e irmão do prefeito;

– José Alencar Miranda Carvalho, pai do agiota Gláucio Alencar, que já esteve preso após investigação da morte do jornalista Décio Sá – que revelou um grande esquema de agiotagem em prefeituras maranhenses;

– Moussa Esber Mansour, sócio-proprietário da empresa J.S. e Silva, de fachada e que atuava no esquema fraudulento;

– George Esber Mansour, irmão de Moussa e sócio-proprietário da mesma empresa;

– Geovana Carla Mansour, esposa de Moussa;

– Luiz Antônio Meireles Gomes, funcionário do empresário Eduardo José Barros Costa, o ‘Eduardo DP’, filho ex-prefeita de Dom Pedro (MA) e também suspeito por participação no esquema, proprietário da Rio Anil Locações.

De acordo com o delegado Leonardo Bastian Fagundes, os suspeitos usavam licitações fraudadas de valores altos com objetivo de desviar verbas públicas. As empresas Rio Anil Locações e J.S. e Silva, que atuavam nos setores de construção civil e fornecimento de merenda escolar, possuíam apenas CNPJ, sem sede, e abertas inclusive em nomes de proprietários já falecidos, ou seja, ‘laranjas’.

“Tanto o irmão quanto o prefeito assinaram vários cheques em nome da Prefeitura de Paulo Ramos e entregaram para o Gláucio Alencar, lá em 2012, quando começou a investigação”, disse o delegado.

Um dos contratos fraudados para fornecimento de merenda escolar chega a R$ 986 mil, mas a merenda nunca chegou às escolas da rede municipal.

Todos os suspeitos serão encaminhados para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.

Operações contra agiotagem

A investigação do assassinato de Décio Sá resultou na descoberta de um esquema de agiotagem praticado em mais de 40 prefeituras do Maranhão, encabeçado José de Alencar Miranda Carvalho e Gláucio Alencar Pontes Carvalho, pai e filho acusados de mandar matar o jornalista. No fim do mês de junho, o ex-prefeito de Turilândia (MA), Domingos Sávio Fonseca da Silva, foi preso pela Seccor em um desdobramento da ‘Operação Detonando’, que apura o envolvimento de 42 prefeitos e ex-prefeitos com um esquema de agiotagem.

Além da operação ‘El Berite’, no mês de maio, foram detidos pelas operações‘Maharaja’ e ‘Morta Viva’ o prefeito de Bacuri (MA), Richard Nixon (PMDB); o prefeito de Marajá do Sena (MA), Edvan Costa (PMN); e o ex-prefeito de Zé Doca (MA) Raimundo Nonato Sampaio, o Natim, além do suposto agiota Pacovan.

Em março, foi deflagrada a ‘Operação Imperador’, pela qual foi presa a ex-prefeita de Dom Pedro (MA), Maria Arlene Barros, e o filho Eduardo Costa Barros.

As operações são desdobramentos da ‘Operação Detonando’, realizada em 2012 após o assassinato de Décio Sá. Décio Sá foi morto com cinco tiros em abril de 2012, quando estava em um bar na avenida Litorânea, orla marítima de São Luís. Ele era repórter da editoria de política do jornal ‘O Estado do Maranhão’ há 17 anos, também publicava conteúdo independente por meio do ‘Blog do Décio’, um dos blogs mais acessados do Estado na época.

De acordo com informações da polícia, o jornalista foi morto porque teria publicado, no ‘Blog do Décio’ reportagem sobre o assassinato do empresário Fábio Brasil, o Júnior Foca, envolvido em uma trama de pistolagem com os integrantes de uma quadrilha encabeçada por Glaucio Alencar e o pai José de Alencar Miranda Carvalho, suspeitos de praticar agiotagem junto a mais de 40 prefeituras no Estado.


O caso repercutiu internacionalmente e resultou em diversas investigações sobre agiotagem no Maranhão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário