Basta uma imagem e um texto com informações que pareçam
confirmar o que a foto exibe que, dessa espécie de fecundação linguística,
surge uma filha ingrata e destruidora: a chamada fake news. Para muita gente,
vale o ditado popular: “uma imagem vale mais que mil palavras”. Porém, nem
sempre o que se vê, lê ou ouve é verdadeiro ou real. “A mente humana é levada a
decodificar as informações que recebe de acordo com as experiências que a
pessoa já viveu. Além disso, tem a questão do senso crítico, que é mais apurada
em quem costuma estar atento ao mundo ao seu redor. Dependendo do grau de
ingenuidade ou desconhecimento, uma pessoa torna-se facilmente consumidora e
reprodutora de boatos”, explica a psicóloga Celiane Chagas, do Hapvida Saúde.
Fato é que, embora as fake news – ou notícias falsas,
na tradução livre do inglês para o português – estejam em evidência maior
atualmente, elas sempre existiram, em níveis menos perceptíveis e com
potenciais de estrago menos avassaladores, como lembra o Mestre em Comunicação
e Linguagem, Geraldo Siqueira, atual diretor da Faculdade Estácio São Luís.
“O que ocorre é que se
antes a reprodução do conteúdo falso ou equivocado era mais lento, por causa
das plataformas tradicionais de comunicação em massa, agora a velocidade é até
imensurável, já que vivemos em plena era da tecnologia que permite o
compartilhamento instantâneo de qualquer informação com milhares de pessoas em
poucos segundos. Para piorar o estrago, nas redes sociais, na internet, por
mais que se tente concertar um erro com uma nota posterior à primeira
publicação, não se pode assegurar que o leitor da primeira notícia, falsa ou
equivocada, vá voltar a acessar aquela página e se certificar do que é verdadeiro”,
preocupa-se o estudioso.
Estragos
Nesses tempos em que qualquer pessoa pode, com o poder de um
clique, produzir e compartilhar diversos conteúdos, surge um cenário de muitas
preocupações com a informação de qualidade, que é baseada em princípios éticos
e pressupõe a reportagem de fatos reais, sem exageros ou sensacionalismos.
A psicóloga Celiane Chagas revela que as notícias
falsas e alarmantes causam tensão e confusão, além de problemas individuais e
coletivos: “O ideal seria checar uma informação antes de repassá-la, mas, na
pressa, muita gente acaba reproduzindo todo tipo de conteúdo. Não são poucos os
relatos, em consultório, de pacientes que sofrem com sentimento de culpa, assim
como também se observa muita gente que teme o julgamento social e, por isso,
vive em função de como vai aparecer, quer seja nas redes sociais ou na vida
real”.
Consciência
Para despertar o olhar crítico e atento dos futuros
comunicólogos, estudantes do curso de Jornalismo, a Faculdade Estácio promove
mais uma edição da Semana de Jornalismo, que foi aberta na última sexta-feira
(25) e vai até segunda-feira, 4. Alguns dos mais prestigiados profissionais da
comunicação maranhense participaram da abertura do evento, entre eles, o
radialista Roberto Fernandes e o jornalista Itevaldo Júnior. Ambos atuam hoje
em veículos de grande inserção social e compartilharam algumas experiências com
os alunos da instituição.
O destaque do bate-papo foi a dica dos especialistas para que
as pessoas chequem a fonte da informação, tendo ou não a intenção de
compartilhá-la. “Visitar sites oficiais de veículos de comunicação é um dos
caminhos, embora cada veículo tenha uma linha editorial”, recomenda Itevaldo.
Roberto Fernandes lembrou o grande educador e intelectual brasileiro, Mário
Sérgio Cortella: “Não basta ter a informação, você precisa, sobretudo, saber o que fazer
com ela”, concluiu o respeito profissional.
0 Comentários