Diante da repercussão negativa causada pelas ações de repressão aos ensaios de bumba meu boi, a Secretaria de Segurança Pública cedeu aos apelos de dirigentes e brincantes da maior manifestação cultural do Maranhão e autorizou as prévias dos grupos de matraca até o amanhecer. A concessão foi anunciada pelo secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, que condicionou a permissão ao comunicado prévio das programações de cada batalhão.
O estopim para a revolta dos boieiros foi a abordagem policial truculenta ao Boi da Maioba, durante ensaio do grupo folclórico no bairro João Paulo, no dia 7 de abril. Na ocasião, uma guarnição da PM deu ordem à direção do batalhão para que parasse a festa, com base na Lei Municipal nº 200, de 24 de abril de 2009, de autoria do vereador Ivaldo Rodrigues (PDT), apontado como vilão em meio à polêmica. A determinação para o término do ensaio antes do raiar do sol causou insatisfação geral entre os brincantes, houve resistência e muitos boieiros permaneceram no local, se divertindo, ao som das matracas e pandeirões, mesmo com o sistema de som desligado.
No dia 14 de abril, também no João Paulo, o alvo da truculência foi o Boi de São José de Ribamar, que também recebeu ordem para que interrompesse o ensaio, ordem prontamente atendida. Logo, representantes do segmento cultural passaram a manifestar publicamente toda a revolta e indignação com o que chamaram de perseguição e discriminação. A repercussão na imprensa foi imediata, com abordagens em emissoras de rádio, jornal e blogs, todas em defesa do bumba boi.
Diante da pressão popular e dos meios de comunicação, que denunciaram o abuso e apelaram para o bom senso das autoridades, o secretário Jefferson Portela propôs a solução do impasse, determinando à PM que não mais parasse os ensaios. Coube ao locutor, apresentador de TV e produtor cultural Osvaldo Sousa, atualmente ligado ao Boi de São José de Ribamar, fazer a intermediação, em nome dos batalhões de matraca, junto à cúpula da segurança pública.
Ficou acertado que os bois estão podem realizar seus ensaios até as 6h, mediante comunicação prévia. Caso alguma guarnição desavisada tente interromper alguns evento, foram disponibilizados os números de telefone do coronel Pedro Ribeiro, comandante do Policiamento Metropolitano da Área I (99144-1877), e do próprio produtor cultural Osvaldo Sousa (99617-1261), que obteve o aval do chefe da SSP para dialogar com os militares em caso de abordagens na temporada de prévias.
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