Adriano Sarney
Para Adriano Sarney, é preciso analisar os números oficiais da economia do Maranhão e das finanças do governo para não cair na armadilha do marketing político |
É hora de discutir os rumos da economia do Maranhão. O governo
estadual está completando seu primeiro exercício fiscal e as
estatísticas sociais e econômicas não são muito otimistas. Por isto é
necessário analisar os números oficiais da economia do Maranhão e das
finanças do governo afim de não cairmos na armadilha do marketing
político. Apesar de o governo estadual possuir um saldo de caixa
positivo de R$ 1,663 bilhão, o Maranhão vive um cenário de baixo
investimento estatal comprovado, desemprego, fechamento de empresas e
queda estimada de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), fatores relevantes
na composição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
No que diz respeito aos investimentos públicos, impulsionador
histórico do crescimento econômico e da geração de empregos, a atual
gestão reduziu em mais de R$ 1 bilhão o valor despendido nesse quesito.
Enquanto o governo passado investiu R$1,680 bilhão no período de janeiro
a julho de 2014, o governo atual aplicou R$ 552 milhões durante o mesmo
período deste ano. Uma diferença espantosa de R$ 1,128 bilhão que
serviu para engordar o caixa do governo e para pagar o aumento da
despesa com pessoal. Essa despesa corrente com pessoal que foi de R$
3.164 bilhão de janeiro a julho de 2014 passou para R$3.592 bilhão no
mesmo período de 2015, um aumento de R$ 428 milhões.
Seguindo os números recentes da economia do Maranhão, vale analisar
os dados divulgados pelo Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos
e Cartográficos (Imesc) que é vinculado à Secretaria de Planejamento
estadual (Seplan), onde o nosso Estado se defronta com uma queda
estatística de 5.633 vagas de empregos até agosto de 2015. Resultado
este denotado diretamente ao fechamento recorde de empresas, à crise em
setores importantes da economia, como o imobiliário e o metalúrgico, e
ao vazio de políticas anticíclicas como os investimentos públicos. De
janeiro a setembro de 2015, 6.468 empresas tiveram suas atividades
encerradas contra 738 firmas fechadas no ano de 2014 segundo dados
divulgados pela Confederação do Comércio, que destacou ainda o ano de
2015 como o pior resultado desde 2008. Outro ponto que se deve destacar
diz respeito ao Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI)
calculado pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema),
que evidencia elevado pessimismo dos empresários na economia estadual,
sinal de que a crise está longe do fim.
Não obstante o empresariado se mostrar insatisfeito com os rumos da
economia, ao mesmo tempo em que o número de desempregados aumenta, um
quadro contraditório se revela quanto a cobrança de impostos por parte
do governo. Segundo dados oficiais apresentados por técnicos da Seplan
durante audiência pública na Assembleia Legislativa, no acumulado de
janeiro a agosto de 2015 houve alta de 8,45% na arrecadação tributária
do governo do estado, com destaque para o incremento de 9,3% na
arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS), o que significa, na prática, um aporte de caixa de R$ 266
milhões (R$ 235 milhões apenas de ICMS) nas receitas do Executivo.
Além do crescimento da arrecadação tributária, o Maranhão teve um
aumento nos valores dos repasses federais da ordem de 3,11% quando
comparamos o período de janeiro a agosto de 2014 com o mesmo de 2015,
com destaque para o Fundo de Participação dos Estados (FPE) que teve uma
elevação no repasse de 6,53%, ou seja R$ 233 milhões a mais nas contas
do Executivo. O aumento dos repasses federais para o Maranhão contrasta
com a redução dos Fundos de Participação dos Municípios. Prefeituras
acusam diminuição de até 30% desse recurso.
Outra informação propagada pelo governo, mas desmentida pelos
números, refere-se ao endividamento das contas públicas. O Maranhão
atingiu apenas 23% do limite máximo de endividamento estabelecido por
resolução do Senado Federal que determina o enquadramento dos estados
nesse quesito. O Maranhão é um dos estados menos endividados da
federação.
Contra fatos não há argumentos, enquanto a economia vai mal, as
finanças do governo vão muito bem. O discurso da “terra arrasada” é um
jogo de marketing político, um mito que está sendo derrubado com a força
dos números concretos. O governo precisa agora investir mais e agir
para fazer com que a nossa economia, que um dia apresentou taxas de
crescimento de 10% ao ano, não retroceda.
*Economista, Administrador e Deputado Estadual (PV)
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